Celebrar a Semana Santa, os últimos dias de Jesus entre nós, dias de sofrimento e de amor, é assumir com ele a cruz para também com ele sermos vencedores. A Semana Santa celebra o centro da fé cristã: Vida, Morte e Ressurreição de Cristo. Ela é santa porque Deus decidiu viver como nós e assumiu nossas dores. Veio vencer tudo o que oprime e escraviza. O pior inimigo foi vencido, a morte!
Em Paraty, a Semana Santa é celebrada com procissões e cerimônias religiosas tradicionais. Saiba um pouco mais sobre as celebrações:
Setenário de Nossa Senhora das Dores
O tema das Sete Dores de Maria popularizou-se na Igreja Católica desde o século XVI, chegando a Portugal e consequentemente ao Brasil no século XVII. A representação das Dores é simbolizada por sete espadas cravadas no coração de Maria, ou uma espada, como é o caso da imagem de Paraty, lembrando a profecia de Simeão, que previne Maria do martírio que Jesus irá sofrer. O Setenário de Nossa Senhora das Dores nos convida a refletir sobre as dores de nossas mães, de nossa sociedade, sob a luz do sofrimento da Mãe de todos nós; Maria Santíssima Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo. Com essa celebração, nos preparemos para a festa maior: a Páscoa! A ressurreição que nos redime de todo o sofrimento e nos dá a certeza da vitória sobre a morte!
O título de Senhora das Dores deve-se às sete Dores de Nossa Senhora. Durante sete dias são meditadas as sete dores:
1ª – Apresentação de Jesus no templo
2ª – A fuga para o Egito
3ª – Perda do Menino Jesus
4ª – Doloroso encontro com Jesus no caminho do Calvário
5ª – Maria recebe em seus braços o corpo de Cristo tirado da Cruz
6ª – Uma lança atravessa o Coração de Jesus
7ª – Jesus é sepultado
Domingo de Ramos
O Domingo de Ramos dá início à Semana Santa e lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado pelos judeus. A Igreja recorda os louvores da multidão cobrindo os caminhos para a passagem de Jesus com ramos proclamando: “Hosana ao Filho de Davi. Bendito o que vem em nome do Senhor”. (Lc 19, 38 – MT 21, 9). Com esse gesto, portando ramos durante a procissão, os cristãos de hoje manifestam sua fé em Jesus como Rei e Senhor.
Terça-Feira – Procissão do Encontro
Procissão do Encontro ou de “Passos” percorrendo os Passos da Paixão. Os homens saem da Igreja Matriz, junto com a imagem do Senhor dos Passos e as mulheres saem da Igreja de Nossa Senhora das Dores (Capelinha), com a imagem de Nossa Senhora das Dores. Apenas na Terça-feira Santa na Procissão do Encontro e na Sexta-Feira Santa, os fiéis podem ver os seis passos da Paixão (pequenos altares embutidos nas paredes de sobrados da rua do Comércio, rua Dona Geralda e na lateral da igreja Santa Rita) que representam os momentos da Paixão de Cristo.
Quarta-Feira
Ofício de Trevas
O ofício de Trevas é marcado pelo clima de introspecção. A igreja é mantida quase que às escuras, e a única iluminação vem de quinze velas colocadas sobre o altar. Ao longo da celebração são cantados quatorze salmos da Bíblia e a cada um rezado, uma vela é apagada. Ao final, somente a vela que fica no vértice do candelabro é mantida acesa, e é levada para a parte de trás do altar. A escuridão simboliza a condição do ser humano, diante de Jesus, que se faz luz. “Nós nos colocamos como pecadores, diante daquele que é a luz que salva.”
No final do ofício é costume fechar os livros com força exagerada. Segundo o Goffiné, “remata o oficio um rumor confuso, que lembra o tropel e queda tumultuosa da corte, que, guiada por Judas, veio alta noite aprisionar a divino Salvador no Horto das Oliveiras”.
Já para outros, o barulho no final do ofício significa o terremoto que acompanhou a morte de Jesus, ou então a destruição de Jerusalém.
Bênção dos Santos Óleos
Não se sabe com precisão, como e quando teve início a bênção conjunta dos três óleos. Fora de Roma, esta bênção acontecia em outros dias, como no Domingo de Ramos ou no Sábado de Aleluia. São abençoados os seguintes óleos: Óleo do Crisma – Uma mistura de óleo e bálsamo, significando a plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo”. É usado no sacramento da Confirmação (Crisma) e também no sacramento para ungir os “escolhidos” que irão trabalhar no anúncio da Palavra de Deus, conduzindo o povo e santificando-o no ministério dos sacramentos. A cor que representa esse óleo é o branco ouro. Óleo dos Catecúmenos – Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo, sejam adultos ou crianças, antes do rito da água. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, o liberta e prepara para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha. Óleo dos Enfermos – É usado no sacramento dos enfermos, conhecido erroneamente como “extrema unção”. Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa para enfrentar a dor e, inclusive a morte, se for vontade de Deus. Sua cor é roxa.
Quinta-Feira Santa
Nos dias de hoje celebramos a Instituição dos Sacramentos da Eucaristia e da ordem. Jesus, desejoso de deixar aos homens um sinal da sua presença junto a sua igreja, antes de morrer, instituiu a eucaristia. Na Quinta-feira Santa, destacamos dois grandes acontecimentos:
Instituição da Eucaristia e Cerimônia do Lava-pés
****Com a Missa da Ceia do Senhor, celebrada quinta-feira, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia, na qual Jesus Cristo, na noite em que vai ser entregue, ofereceu a Deus-Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou para os Apóstolos para que os tomassem, mandando-lhes também oferecer aos seus sucessores.
Nesta missa faz-se, portanto, a memória da instituição da Eucaristia e do Sacerdócio. Durante a missa ocorre a cerimônia do Lava-Pés que lembra o gesto de Jesus na Última Ceia, quando lavou os pés dos seus apóstolos. “Ele é aquele que veio para servir e não para ser servido”.(Mt 20,28).
Procissão do Fogaréu
O sermão desta missa é conhecido como sermão do Mandato ou do Novo Mandamento e fala sobre a caridade ensinada e recomendada por Jesus Cristo. No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento do altar-mor da igreja para uma capela lateral, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo até a meia-noite.
Após a Adoração do Santíssimo, começa a procissão do fogaréu ou da prisão. A procissão simboliza a prisão de Cristo. Os fiéis saem pelas ruas da cidade com tochas nas mãos e tocando matracas.
Sexta-Feira Santa
Na Sexta-Feira Santa, celebra-se a paixão e morte de Jesus Cristo. O silêncio, o jejum e a oração devem marcar este dia que, ao contrário do que muitos pensam, não deve ser vivido em clima de luto, mas de profundo respeito diante da morte do Senhor que, morrendo, foi vitorioso e trouxe a salvação para todos, ressurgindo para a vida eterna. As 15 horas, horário em que Jesus foi morto, é celebrada a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: Liturgia da Palavra, Adoração da Cruz e Comunhão Eucarística. Depois deste momento não há mais comunhão eucarística até que seja realizada a celebração da Páscoa, no Sábado Santo.
Sermão das Sete Palavras
Lembra as últimas palavras de Jesus, no Calvário, antes de sua morte.
“Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem…”, “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”, “Mulher, eis aí o teu filho. Filho eis aí a tua Mãe”, **”Tenho Sede!”, “Eli, Eli, lema sabachtani? – Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?”, “Tudo está consumado!”, “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!”. Neste dia, não se celebra a Santa Missa.**
Por volta das 15 horas celebra-se a Solene Ação Litúrgica da Paixão e Morte de Jesus Cristo. À noite temos as encenações da Paixão de Jesus Cristo com o Sermão do Descendimento da Cruz e em seguida a Procissão do Enterro, levando o esquife com a imagem do Senhor Morto e ao entrar da procissão na Igreja, dá-se início a Cerimônia do Beija-Mão.
Sábado Santo
A vigília pascal inicia-se na noite de Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada “A mãe de todas as santas vigílias”, porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte. Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal: a benção do fogo novo e do círio pascal; a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação; a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor; a renovação das promessas do Batismo e, por fim, a liturgia Eucarística e a Procissão da Ressurreição.
Domingo de Páscoa
À tarde por volta das 17h, é levantado o mastro da Festa do Divino, dando início oficialmente as festividades, e à noite acontece a missa da Páscoa do Senhor, a coroação e o translado da imagem de Nossa Senhora das Dores da Igreja Matriz para a Capela de Nossa Senhora das Dores.