Paraty, cidade histórica e culturalmente rica localizada na Costa Verde do Rio de Janeiro, encontra-se no centro de uma polêmica envolvendo o leilão de 49 áreas. A Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, em conjunto com o Ministério Público Federal, tomou a iniciativa de entrar com um pedido de suspensão do leilão desses terrenos. O motivo principal é a proteção das comunidades tradicionais caiçaras que habitam essas regiões há gerações, mas que não foram consultadas no processo judicial que autorizou a venda dos lotes.
Essas áreas em questão fazem parte do inventário de José Maria Rollas, empresário que adquiriu terras no estado do Rio e faleceu em 1988. Cerca de 500 famílias são afetadas por essa situação, segundo a Defensoria Pública da União. Entre as áreas que foram autorizadas para leilão estão a Ilha do Araújo, Deserta, Praia das Pacas, Cajaíba, Rio Pequeno, São Gonçalo, Calhaus, Bijaquara, Souza, Mamanguá, Saco da Sardinha, Corumbê, Ilha do Cedro e Mambucaba. A Ilha do Araújo, uma das joias da Baía de Paraty, foi dividida em quatro lotes e vendida por uma quantia significativa.
No dia 15 de junho, moradores da Ilha do Araújo manifestaram seu descontentamento no Centro Histórico de Paraty contra a venda das terras. Diante desse cenário, a Câmara Municipal de Paraty realizou uma reunião pública para discutir o assunto, onde foi anunciado que as imissões de posse dos imóveis leiloados só poderão ocorrer após todos os trâmites legais serem concluídos, garantindo os direitos de defesa das comunidades tradicionais envolvidas. A Prefeitura de Paraty reitera seu compromisso em proteger os direitos dessas comunidades e assegurar a segurança jurídica e a justiça social na região, que é reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO.
Em meio a esse embate entre órgãos públicos, moradores e autoridades locais, a preservação do patrimônio cultural e das comunidades tradicionais de Paraty se torna um tema crucial. A riqueza histórica e a importância cultural da cidade, que encanta visitantes de todo o mundo com sua arquitetura colonial e belezas naturais, estão agora no centro de uma batalha pela garantia dos direitos das populações locais. A situação evidencia a necessidade de conciliar o desenvolvimento sustentável com a preservação do legado histórico e cultural de Paraty, reforçando a importância de um diálogo transparente e inclusivo entre todos os envolvidos.